Título: O Rosto de Deus
Autor: Ana Teresa Pereira
Editora: Relógio d'Água
Tema: Literatura Portuguesa
Estado: 5
Língua: Português
Encadernação: Brochado
Ano: 1999 (1ª ed.)
Páginas: 178
Dimensões: 14*21
Preço: 10,00 €
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A escrita de Ana Teresa Pereira vem do fundo, e tal como dizia Marisa no seu romance anterior, As Rosas Mortas, acerca dos versos de que gosta, esta é feita de encantamentos e feitiços. E deixa-nos enfeitiçados a nós leitores, que não conseguimos desprender-nos da leitura. Em O ROSTO DE DEUS, o seu mais recente livro, há duas histórias, "A Rainha dos Infernos" e "O Rosto de Deus", que lhe dá o título, mas que acabam por ser uma só. Tom, o que "tem o rosto de Deus", passa de uma para a outra e, provavelmente, voltará de novo para a primeira, quando chega o Outono, "a altura de se ir embora"). Quatro personagens. Tom, Marisa, Patrícia, Paulo. Que se fundem em dois. Que são um. Se desdobram em pintores, escritores, livreiros, que vivem em casas velhas, com jardins e flores, onde a cidade acaba, no meio da montanha, sobre o mar. Mágicos como a escrita, respondem aos chamamentos mais antigos, dos mitos gregos aos rituais Xamãs. Leêm James, Yeats, Iris Murdoch. À sua espera leitor...
Ana Teresa Pereira quase não dá entrevistas, não habita os corredores da vida cultural, e as suas referências (múltiplas, aliás, e às vezes desconcertantes, passando pela literatura, o cinema, a pintura, a música, certos ícones da cultura de massas, certos pensadores, alguma psicanálise, alguma obsessão do fantástico: "A mulher de Branco", de Wilkie Collins, é uma das obras mais insistentes neste livro mas também Iris Murdoch) são deliberadamente internacionais, mesmo cosmopolitas. Tudo se passa como se a sua presença na literatura excluísse qualquer compromisso mundano e se definisse sobretudo em termos de uma experiência-em-palavras que se renova incessantemente e que, pela sua insistência e invulgaridade, não pode deixar de nos fascinar.
Eduardo Prado Coelho. Público. "Leituras"
Tão desprevenido como Alice a cair no buraco, o leitor pega num livro de Ana Teresa Pereira (neste caso, "O rosto de Deus") e cai do outro lado do espelho, onde Céu e Inferno não se sucedem, coincidem: sol e lua sobrepostos num eclipse. É aqui que o leitor se vai reconhecer: de volta à infância, ao sono ao que dorme em si. O que há nesse lado de lá (que é sempre dentro) são fadas que são bruxas que são raparigas ruivas a entrançar os cabelos que são raparigas morenas de cabelo curto que andam de longos vestidos e descalças que andam de jeans e sandálias que usam velhas pedras que usam pérolas que são deuses que são demónios que são rapazes louros sem marcas no rosto que são homens grisalhos com marcas no rosto que são Rainhas dos Infernos que são o Rosto de Deus. Todos tem um e um em todos.
Alexandra Lucas Coelho, Público, "Leituras"